“Pão
excrementício
generosíssimo
banquete
de
humildes vermes”
(Waldo
Motta)
Muita
merda ainda vai se cagar neste blog. Mas pra começar o meu depoimento, confesso
que um raio brilhou no horizonte turvo da Baía de Guanabara no último domingo
quando João Artigos falou de um certo “Deus Merda” em seu discurso escatológico
no Aterro do Flamengo, justificando a ligação simbólica entre o palhaço e a
merda, e esta com o adubo e o florescimento etc.
A
etimologia mais quente dessa edição dos Anjos é: húmus = humor = homem =
humanidade! Húmus é merda! Fomos feitos de barro, é claro que há um
simbolismo que perpassa o barro e a merda.
E ainda tem mais essa: escatologia, a ciência do apocalipse, nada mais é que escato, derivado do grego éskhatos – extremo, excremento, sim, porque a merda é uma extremidade, uma excremidade, um resultado e uma origem do que somos.
Waldo
Motta sinaliza: “a merda representa a matéria-prima da criação do Universo
(...) Creio que a ciência poderia descobrir a explicação e a solução de várias
questões difíceis a respeito das origens do Universo e dos seres vivos,
estudando essa área do corpo”, porque a merda, naturalmente, é constituinte do
nosso corpo, ou melhor, da nossa organicidade, daquilo que nos contacta
irremediavelmente ao cosmos!
Os Anjos do Picadeiro não poderiam ter escolhido um tema melhor para o ano do fim do mundo! A merda, e mais do que ela, o cu, a guilhotinha por onde a bosta prazerosamente escorre, devem estar na pauta do dia de todos os artistas que desejam verdadeiramente repensar nossa condição humana, única e coletiva, e praticar uma nova humanidade, no sentido radical do termo!
E ainda tem muuuuito mais!
Fernando Gasparini - do Observatório dos Anjos do Picadeiro
Um comentário:
Pode ser que somos (a humanidade, o mundo e o universo) resultado do cocô de Deus. Deus fez um cocôzão bem grande e desse cocôzão fez tudo.
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